sexta-feira, 19 de julho de 2013

Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas.
Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
- Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
- Como não acaba? – Parei um instante na rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e pronto.
- Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
- E agora que é que eu faço? – Perguntei para não errar no ritual que certamente deveria haver.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
- Perder a eternidade? Nunca.
O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamos-nos para a escola.
- Acabou-se o docinho. E agora?
- Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito. Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
- Olha só o que me aconteceu! – Disse eu em fingidos espanto e tristeza. – Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
- Já lhe disse – repetiu minha irmã – que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim.
[LISPECTOR, Clarice. Livro: A descoberta do mundo.]

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A Parede do Meu Quarto Não é Mais Cor de Rosa

           Oi 2012,
       
       Tenho muitas coisas pra dizer a seu respeito,mas começo agradecendo.Agradecendo por que esse foi um ano de muito aprendizado e conhecimento,tanto profissional como pessoal.Tanta coisa aconteceu que não tive nem tempo pra escrever no blog,mas confesso que até gostei.O ritmo frenético dos dias cheios de coisas pra fazer e resolver, a vida me levando e eu vivendo a vida.Foi maravilhoso!
           Obrigada,porque consegui pela primeira vez atingir algumas daquelas metas estabelecidas no fim do ano passado.Também pude fortalecer a minha fé, tive serenidade em momentos de tensão,paciência para esperar as coisas se alinharem e uma das coisas mais importantes desse ano: aprendi a ser gente grande!Claro,não foi fácil.Mas a gente precisa. A gente dá conta, a gente tem que crescer, experimentar, quebrar a cara, evoluir. Doeu um pouco, mas Deus escreve certo por linhas mais certas ainda e me mostrou que eu posso sim tomar rédeas de situações conflituosas e resolvê-las.Percebi que o trabalho realmente dignifica o homem e nos torna pessoas melhores por nos sentirmos úteis.
             Aprendi uma das lições mais importantes: amigos serão sempre amigos no sentido mais simples e profundo que a palavra amizade pode ter. Que se for amigo de verdade não vai ser qualquer coisa que vai mudar o sentimento que um tem pelo outro. E que família é a coisa mais importante e que deve ser conservada unida e cheia de amor sempre.
              Obrigada 2012,por aprender a tomar decisões importantes sobre o meu futuro.Por conseguir fazer todas as coisas que eu quis. Obrigada por me sentir em paz.Onde sempre houve inquietação, perguntas sem respostas, medos por acreditar em ilusões, agora só há paz. Aquela paz feita do silêncio em frente ao mar.A paz de sentir que nada mais falta, mas ao mesmo tempo sentir vontade de viver tudo.Uma paz eufórica, cheia de felicidade. Sem o marasmo de uma paz preguiçosa, que prefere se recolher a mergulhar. Uma paz que derruba todas as certezas usadas e reconstrói, coloca novas certezas, maiores e melhores. A paz nunca sentida antes.
               A paz de poder estar em casa de férias sem fazer nada e de repente perceber que a cor rosa da parede do quarto não combina mais com a pessoa que eu me tornei. Que a menina inconsequente, deu espaço a uma mulher crescida,que já sabe resolver problemas e tomar decisões sem consultar ninguém.Que trabalha e estuda.Cheia de responsabilidades,e uma necessidade latente de colocar pra fora a mudança que aconteceu aqui dentro.E então,peguei meu baldinho de tinta e comecei a colorir a parede.Melhor cor não podia ser: verde.Verde calmo e sereno como a água daquele mar que parece um paraíso.Verde como a esperança e a certeza de que cada dia vai ser melhor que o outro e que de vez em quando é bom voltar a ser menina.Uma menina cheia de brincadeiras e sorrisos com a paz do céu estrelado de Bilac.

Valeu,2012!Sei que 2013 vai ser perfeito.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011



Pensamento leve porque é tempo de delicadezas.Vento frio no rosto, que é pra lembrar que invernos também se encaram de frente.Peito aberto sustentado por uma flor que há anos não murcha.Uma nuvem sozinha não faz temporal

|vanessa leonardi|

.


Era uma menina. Uma menina e muita brincadeira. Uma menina e vários cachorros. Uma menina de brincadeira na rua e pé de mangueira no quintal. De corrida de rolemã e desenho com tijolo na rua. Uma menina de manga verde em cima do telhado. Era uma moça. Uma moça de fantasia. Uma moça de contos e cartilha de família. Era uma moça. Era uma mulher. Uma mulher de coisa simples. Coisa de escolha. Era uma mulher de retalhos. Era uma mulher de cartola. Era uma mulher de chapéu. Era uma mulher com muita coisa dentro do chapéu. Era uma mulher com um chapéu de mágico, igual uma cartola. De onde tirava um coelho, um pombo e um bilhete:

-Vá ser feliz. Vá ser muito feliz!


|vanessa leonardi|

“As pessoas têm medo de falar o que pensam.”

Hoje, as pessoas estão muito conservadoras. Fiz um debate e as pessoas disseram que eu era muito corajosa. Por quê? Não tem milico na parada, não tem ninguém me proibindo de falar o que penso. Não vou ser cassada. A ditadura acabou e as pessoas continuam com medo de falar. Têm medo de que o outro vá fazer cara feia, de perder o espaço no jornal, o cliente, o convite para a festa. Nem entre amigos as pessoas têm coragem de dizer o que pensam. Parece que têm que viver agradando. A vida assim, sem autenticidade, vale a pena? Se eu não puder ser quem eu sou, valeu viver? Para mim, não. [...]

Seria amedrontador um mundo onde fosse possível expor tudo. Confio muito na força da intimidade, da privacidade, do caráter secreto da vida. Não é tão fácil devassar isso. [...]

Marcia Tiburi, trechos de entrevista para a revista Lola, ago. 2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011














Depois de passar o dia estudando e trabalhando,com cólicas terríveis e uma dor de cabeça que não passava,eis que chego em casa.E,de repente tudo passa.A dor passa.O cansaço passa.Recebo os sorrisos mais lindos do mundo,os abraços mais apertados!




E...Quem foi mesmo que teve um dia cheio?



[
Se eu tenho um coração desse tamanho,imaginem quando eu for mãe?!]




*Fotos:João e Pedro com a tia mais boba do mundo!

sexta-feira, 29 de julho de 2011


Achei que elas não existissem, mas existem. Desejam ser salvas por um grande amor, sem saber que não há salvamento possível. Trazem no peito a semente da submissão, embrulhada em papel cor-de-rosa com o nome de dedicação.

O doce sorriso esconde o medo de crescer. De ser uma mulher. De se abrir para a vida e descobrir a dor de ser responsável por si mesma.

É mais fácil estar presa em uma torre. Comer a maçã envenenada. Ser feita de escrava pela madrasta. Conviver com uma fera. Abandonar a imensidão do mar. Dormir por cem anos. Esperar.

Todos se curvam às princesas.
Mas são as plebeias que mudam o mundo.

Cássia Pires, em Eu não sou uma princesa.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Post-scriptum-literário-floral:

O livro "A Divina Comédia", de Dante Alighieri, alguém leu? Perfeito. Assim como Dante existem sempre na vida: O inferno, o Purgatório e o Paraíso. Literalmente dizendo ou não. O Purgatório serve como uma escada para o Céu, ligando a superfície terrestre às portas do paraíso. Mas chegar lá não é tão fácil quanto chegar ao inferno, onde as portas estão sempre abertas. Agora, cá entre nós: quem gosta do fácil? Esta é a parte mais difícil (e linda) a meu ver. Para se chegar ao Purgatório (onde estaria - pelo livro - nosso crescimento e evolução), existem vários círculos. E a entrada de cada círculo é guardada por um anjo, que purifica a alma que sobe ao próximo nível e profere uma benção tirada do sermão da montanha.

Trocando em miúdos: o mundo não está fácil pra mim. Pra você. Nem pra ninguém. A palavra Purgatória que antes me fazia roer as unhas não é de tirar o sono. Não mesmo. Porque a gente precisa. A gente dá conta, a gente tem que crescer, experimentar, quebrar a cara, evoluir. Viver é apenas o caminho. Dá pra entender? O bom da história é que sempre existe um anjo na hora do seu pior medo. Na hora que você pensa: o que é que eu faço? Na hora que você sente como se tivessem tirado o seu chão. Nessas horas, você recebe (muitas vezes sem perceber) uma luminária daquelas bem antigas pra você se enxergar. De quem?


Para todas as minhas alminhas-luminárias, meus anjos de carne-e-osso, meus amigos ocultos, eu agradeço, de coração.
E viva o Purgatório (que é um luxo!!), viva esse Dante maluco por quem sou apaixonada e viva também nossas reclamações e palavrões no meio do dia. Porque se a gente estivesse sempre no céu, a gente não estaria aqui. A vida passaria em branco e a gente iria escrever o quê, amar o quê, crescer por que, acordar e dormir todo dia para quê?


sábado, 16 de julho de 2011

Se todas as tuas noites fossem minhas...

Eu te daria, Dionísio, a cada dia
Uma pequena caixa de palavras
Coisa que me foi dada, sigilosa
E com a dádiva nas mãos tu poderias
Compor incendiado a tua canção
E fazer de mim mesma, melodia.
Se todos os teus dias fossem meus
Eu te daria, Dionísio, a cada noite
O meu tempo lunar, transfigurado e rubro
E agudo se faria o gozo teu.
(Hilda Hilst)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Voltando da escola e o João pergunta:
-Vamos passear é?
-Não vamos pra casa da tia.
-Vou comer lá,vou?
-Vai sim,um peixinho gostosinho!
-Humm...
Pedro até então quieto diz:
-Vou não,comer não.
-Por quê amor?
-Por que eu quelo é PEIXÃO!
[AMO NÉ?]
♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥​♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

sábado, 21 de maio de 2011


'Antigamente, em maio, eu virava anjo.
A mãe me punha o vestido, as asas,
me encalcava a coroa na cabeça e encomendava:
"Canta alto, espevita as palavras bem."
Eu levantava vôo rua acima'

|adélia prado|

quarta-feira, 18 de maio de 2011


Me entende, eu não quis, eu não quero, eu sofro, eu tenho medo, me dá a tua mão, entende, por favor.

Eu tenho medo, merda! Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas. Versos brancos.

Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda-roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados.

Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa.

Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento.

Vou ali ser feliz e já volto.

-CaioF.Abreu

terça-feira, 26 de abril de 2011


Nem de perto ela cheira a mesmice. Suas histórias são curtas, mas se explicadas, gigantes. Não peça explicação, nunca. Ela fará um livro de uma frase. Se quiser, porque se não, vira as costas e sai dançando, gingando como quem não quer nada. E ela nunca quer. Na verdade, quer viver, quer colorir e ser colorida, quer amor pra dar e vender. Quer viver balançando no quintal da sua imaginação. Lá onde ela se encontra com anjos e fala com Deus a cada subida que o balanço faz. E volta rindo de tudo o que ouviu. Sem ninguém entendê-la. Continua porque, o que mais sabe fazer na vida, é continuar, sorrindo.

De Vanessinha,por que parece que ela me traduz cada vez mais!Thanks.

segunda-feira, 18 de abril de 2011



Borda letras pra respirar. No pensamento uma prece que não dorme. Não pertence a niguém. É livre e deixa ser. Sente. Voa até o abismo de si. E volta. Deixou o moço bravo pra voar mais leve. Tira do peito o barro seco e dos ombros um fardo. Bateu o pó de três sonhos, sacudiu velhos desejos dentro da bolsa. Encontrou um espelho da mãe. Se reconhece, sementes, o peito agradece. Pensa em sorrisos, nenhuma razão pra ficar. Da noite escura nasceu uma manhã azul cheirando flor de laranjeira. O sol gargalha pra ela. Deixa para trás uma história que não merece ser lembrada. Porque tudo o que é velho quando vem à tona ocupa espaço e tempo das coisas novas. E agora ela queria só o novo. Sem manchas e mentiras. E vai pronta. Vestida pra dança. De escudo e coração vermelho. A paz no peito em forma de pomba e na palma das mãos os sonhos em ciranda.

Por Vanessa Leonardi,uma lindeza!Thanks!

"CHUVA POÉTICA

O céu rasgou-se espada afora
e verteu lágrimas,
muitas lágrimas,
Não sei se eram de tristeza ou indignação.
Também, não adianta perguntar,
que ninguém responde.
Pus minha canequinha do lado de fora da janela,
ela quase transbordou.
Estou rica: tenho uma caneca com lágrimas do céu.
Os vizinhos caçoam:
quem é que compra um punhado de chuva?"

(Flora Figueiredo)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

"Seu sorriso derretia satélites e corações gelados."



"É tão estranho, os bons morrem jovens,
assim parece ser, quando me lembro de você,
que acabou indo embora cedo demais..."
(Legião Urbana)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011


Hoje o sol nasceu lindo.Muito lindo e foi pra mim (deu pra sentir).Sabe quando o sol tá enorme,laranja misturando com o amarelo,e seus raios se transformam e cristais de prata? Foi lindo.E rápido também, como tudo que é lindo e gostoso.Rápido, mas pode acontecer de novo...E eu suplico a todas as forças desse mundo sub-mundo que aconteça de novo. O sol, a vida que dorme no meu peito.Aconteça, pois comigo você desejo, terá sua vida repleta de realidade, de vontade e de tudo o que é intenso.Você será o que deve ser.E eu serei o que sou feita pra ser: puro a-mar...

Bom dia,hoje e sempre!

domingo, 6 de fevereiro de 2011


"Quero o seu inteiro e a minha metade de volta."
(O Teatro Mágico)

Fazem meses que não te vejo, que não falo com você; não sei se você está bem, se está estudando, se está gostando de outro alguém ou se às vezes ainda sonha comigo. Nada mais sei sobre você, além do que sobrou. Recentemente vi umas fotos suas, o corte de cabelo ainda era o mesmo, o físico, o estilo de roupas. Mas tinha algo diferente, eu sei que tinha, porém, como eu poderia explicar? Era algo no seu olhar castanho escuro, como se faltasse algo por dentro de você. Era o formato dos traços do seu sorriso, como se tivesse perdido um pedaço de você...

... Então lembrei, talvez o que faltava, era o pedaço de você que eu levei comigo, e não consegui te devolver.

"Se perguntarem por mim, diga que fui procurar-me em algum lugar sereno, onde a lua alumia tudo e o sol nos faz ver estrelas. Diga que estou em uma corrida, uma busca constante pelo sentido certo da vida e que, por mais que deveras tenha tanto procurado, nunca hei de parar-me em um lugar, cansado. Não encontrei uma morada plena, pousada certa. Amores são inconstantes... Paixões vem e vão e passam por mim, como o vento, seguem adiante... E eu nunca estanco. Sou um poeta."

(Marcos Freire)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010


Não fumo, não uso drogas, não saio por aí ficando com qualquer um só para ter números pra contar, não minto pra ser bem recebido, não uso roupas mínimas para que os garotos me notem, não tenho saco pra fazer social, não me vingo, e ainda por cima sou crítica. Reparo no coração das pessoas e não na etiqueta de suas roupas, sou feliz e sou eu mesma em um mundo que tenta cada vez mais me fazer igual a todo mundo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010


Sky with diamonds.Foi a frase que abriu meu dia.
Que está em música e em poesia, que está em rima e no que não tem que rimar...
O céu de vida que espera e que se abre sem reservas pra quem sabe amar...
O céu que é de lucy e que é meu também.
E que sejam meus os diamantes, e seus também.
Porque afinal, quem não merece ser brilho debaixo de lua de cristal?
Quem não merece festa em tempo de estio?
Eu mereço.
E hoje, aproveito.
.
Tenha um bom dia (hoje, amanhã e depois, depois de amanhã)

terça-feira, 24 de agosto de 2010


Lembro dos filmes que não assistimos. Permeio minhas falsas lembranças com as cenas de Laranja Mecânica que não vimos. Passaríamos horas falando dele, não?
É bom lembrar-se do que [não] aconteceu.
É bom não saber das noites que não seguimos Baco por medo de não sabermos acordar do nosso próprio sonho real. Era um blues ou um jazz que não ouvimos no fim de semana passado que não passou?
Não quero saber o quanto você parece comigo. Não quero saber do que já sei.Pensando na gente e no cheiro que a gente [não] deixou um no outro. Já não sei o que aconteceu. Já [não] sei. Aconteceu?
Lembro que não te falei do meu ciúme silencioso quando você escuta a Cat Power. E aqui só me resta ouvir Noel Rosa. Lembro também dos nossos cafés, e reflexões matinais que não aconteceram naquela manhã de inverno chuvosa na cidade que nunca planejamos ir. [Não] lembro do livro de Kerouac que desfolhamos juntos. E o que seria de nós se soubéssemos que somos, tão quanto ele, loucos pra viver, loucos para falar, loucos para sermos salvos e desejosos de tudo ao mesmo tempo? É um perigo saber de tanta coisa assim. Fiquemos sem saber [?] O melhor é ser livre.
É noite, tenho medo de dormir. Sonhar com acasos ou ter medo de transformá-los em descasos.
Temos medos que gritam e só o inconsciente pode ouvir. Viramos escravos dele e não conseguimos ver os versos através das poucas horas que estamos juntos. [Não] queremos perceber. Perceber o que timidamente já percebemos? Ah, baby… “We're just two lost souls. Swimming in a fish bowl, Year after year, Running over the same old ground. What have we found? The same old fears...”.
Eu não sei o que está por trás da vidraça que nos amedronta. Não sei se sonhei com aquela estranha caixa de sentires que carregas.
Não sei se sonhei com aqueles versos brancos pintados de azul. Não sei se sonhei em “ser livre daquilo que nos prende”.
Vou dormir agora e [não] quero sonhar com a suave dor que você [não] deixou nos meus lábios nesta noite.
Eu quero [não] acordar deste [re] verso.

sábado, 26 de junho de 2010


Eu não gosto de bons modos. Adoro gente. Amo bicho.Gosto da vida.Sou um pouco contraditória. Gosto de falar bobagem.Detesto futilidade. Às vezes, gosto de ficar doente.Não seria sem amigos (pelo menos sem os meus).Vivo sempre o hoje - detesto chavões! Sinto muita saudade - e é bom. Gosto de fazer opções. Sofro antes de fazê-las. Sou desconfiada. E tímida - ACREDITEM! Danço sozinha e sem música. Acho que ainda não sou louca.Não suporto falsidade. Gosto de experimentar.Não tolero meus erros. Erro muito. Não sou perfeita. Tenho muitos defeitos mas não quero pensar neles: eles me irritam.Acho que tem gente que me acha metida.Ás vezes eu acho que sou.Tem muita gente que me acha uma bobagem. Pode ser… Às vezes morro de vergonha.Poucos sabem. Ás vezes sou muito triste mas não conto pra ninguém.Alguns descobrem sozinhos. Mas nem sempre me melhoram.Gosto mais de passar batido (isso tem sido cada vez mais difícil). Tenho pensado muito. MUITO.Preciso tirar algumas conclusões antes de prosseguir. Por isso tem sido tão difícil. Tenho saudade de pessoas que não sabem. Coitadas!


B.

domingo, 6 de junho de 2010



Não é preciso ser o que não se é.Gosto de me desvincular da imagem que as pessoas têm de mim mesma.Quando perguntam o meu nome gostaria de dizer que não sou apenas o meu nome.E quanto ao que faço,diria que isso é apenas uma parte de mim.Quando respondemos a essas perguntas,estamos criando no outro uma infinidade de paradigmas e preconceitos que muitas vezes não correspondem ao que realmente somos.Definimos para o interlocutor o nosso papel social. mas não sou só isso e nem sei se sou o que pensam que sou. tenho idéias sobre as coisas,gosto de sair por aí sem hora para voltar, de comer feijão e arroz, de descobrir novos livros, olhar as pessoas na rua, de dormir com muitos travesseiros, de rir das coisas que as pessoas fazem, da pipoca feita no microondas e de tantas outras coisas que aparentemente não combinam entre si e que achamos que não cabem em uma pessoa só.Fora tudo o que não gostamos.Da próxima vez ei de responder: meu nome é BRUNA mas não sou Bruna,sou isso,mas não sou só isso.Será que vão me levar a sério?

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Quanto pesa a vida?


Alguma coisa.


Por vezes gostava de a sentir leve, despreocupada, solta como uma onda que se espraia na areia.Como uma brisa, fresca.Gostava de não me apegar tanto às pessoas,de não precisar de coisas.De sair porque me apetece,quando me apetece.De viajar com uma muda de roupa, apenas, e alguma esperança de passar por sítios melhores.Por vezes gostava de dormir ao relento,de contar as estrelas,de caminhar debaixo de chuva,de poder voar. Gostava de conversar mais com o desconhecido,de não querer saber o dia nem a hora,só procurar o que não sei,desembarcar onde não conheço e poder não voltar.Muitas vezes gostava de tirar a couraça que a vida me criou e de sentir tudo, em estado puro.Por vezes acordo assim.Talvez seja do dia, ou da hora: ainda é cedo demais...Depois caio em mim, e digo: és uma imbecil,não te podes queixar... por vezes falo sozinha.E tenho conversas profundas.

B.Gomes